quarta-feira, 4 de junho de 2008

Com a falta de interesse pela informação de qualidade, os veículos de comunicação se concentram em dados irrelevantes

Mais motivo para preocupação dos estudiosos! Segundo eles, quando as pessoas começam a abandonar o material impresso e preferem a simplicidade das informações on-line, eles influenciam até mesmo na qualidade daquilo que sai nos próprios jornais impressos... Mais uma vez, está formado o perverso círculo vicioso. Na entrevista "A web 2.0 é uma ameaça à cultura" na Revista Época, o pensador inglês que está entre os pioneiros da internet na Califórnia dos anos 90, Andrew Keen, lamenta a destruição da mídia tradicional, e afirma que estamos assistindo a uma morte lenta não só dos jornais, mas de toda a organização cultural como conhecemos até hoje: “A mídia tradicional não vai exatamente morrer, mas vai mudar dramaticamente. Os meios de comunicação de massa – que considero democráticos e onde conteúdo de qualidade é acessível pelo preço de US$ 10 ou US$ 15 para comprar um CD, assistir a um filme ou comprar um livro – talvez se tornem coisa do passado. Enquanto os utópicos digitais falam sobre democratização da mídia e do conteúdo, acredito que a conseqüência é o aparecimento de uma nova oligarquia. A tão propalada democratização, na verdade, tornará o entretenimento cutural de alta qualidade menos acessível às pessoas comuns.

Os jornais tentam reagir a este abandono das mídias tradicionais buscando atrair o público que já não quer se aprofundar. A questão também preocupa o Semiótico e Romancista Umberto Eco em entrevista ao jornal espanhol "El Pais" e reproduzida pelo caderno Mais!: “Vamos à internet para tomar conhecimento das notícias mais importantes. A informação dos jornais será cada vez mais irrelevante, mais diversão que informação. Já não nos dizem o que decidiu o governo francês, mas nos dão quatro páginas de fofocas sobre Carla Bruni e Sarkozy [atual presidente da França].
Os jornais se parecem cada vez mais com as revistas que havia para ler na barbearia ou na sala de espera do dentista.”

Fabiano Pereira também percebe esta falta de interesse, e identifica um motivo:“Nos tempos atuais, “ouvir falar” é mais importante que realmente saber, ter noções é mais do que conhecer a fundo; o excesso de oferta talvez assuste e desmotive a procura, trazendo uma sensação equivocada de “déjà vu” por antecipação, altamente letal para a cultura e para a sociedade, num momento seguinte, como conseqüência direta e sintoma mais pronunciado de uma glamurização da desinformação, ou algo que o valha.”

O fenômeno do abandono da qualidade da informação em busca de público, e a aproximação do que é notícia com o que é espetáculo imediatamente faz o professor de teoria de jornalismo Wagner Belmonte, da Universidade Santo Amaro, de Mc Luhan em “O meio é a mensagem”. “Quando o filósofo e educador canadense faz essa afirmação, e se a credibilidade dos jornais entra em conflito com a quantidade de informações, seguindo o que ocorre na própria internet, pode-se concluir que a mensagem está distante da proposta principal do meio, que deveria simplesmente informar. Aliás, Belmonte alerta que esse prejuízo na qualidade das notícias é uma caminho curto para uma traição até mesmo ao Código de Ética brasileiro, no artigo segundo que estabelece: “a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente de sua natureza jurídica - se pública, estatal ou privada - e da linha política de seus proprietários e/ou diretores. A produção e a divulgação da informação devem se pautar pela veracidade dos fatos e ter por finalidade o interesse público”; além do artigo 4º, que determina: “O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos, razão pela qual ele deve pautar seu trabalho pela precisa apuração e pela sua correta divulgação.””

· Índice do especial “A geração mais burra”

· Artigo completo Especial “A geração mais burra”

- ouça ou baixe a versão em áudio

1. A Internet cresce assustadoramente. Todo mundo quer acrescentar alguma coisa. Qualquer Coisa

2. Quem se importa em encontrar conhecimento na internet? Os jovens não!

3. Jovens desperdiçam tempo na Era da Informação com MSN, Orkut e blogs ao invés de conhecimento

4. Que é isso, professor? Os jovens estão ficando burros???

5. A cobra morde o próprio rabo, o excesso de informação prejudica o interesse pela informação

6. Com a falta de interesse pela informação de qualidade, os veículos de comunicação se concentram em dados irrelevantes

7. “Quem lê tanta notícia?” perguntou Caetano Veloso nos anos 60. Que diria hoje em dia???

8. A situação das empresas na era da informação – elas também sofrem

9. A angústia com velocidade da informação na internet vai piorar

10. Qualquer informação da Web serve? - os jovens não identificam mais informação ruim

11. Os jovens não querem mais saber de informação com qualidade

12. A web 2.0 empobrece a informação na internet

13. Mas, Professor Mark Bauerlein, talvez os jovens não sejam burros quanto o senhor diz

0 comentários:

Wagner Belmonte diz: