quinta-feira, 31 de julho de 2008

Como podemos ser brasileiros

É muito difícil defender o nacionalismo numa nação de contrastes tão grandes quanto o Brasil. Somos uma nação colcha de retalhos, uma mistura de várias culturas em uma só. O que mais representa o povo brasileiro? O boi-bumbá de Manaus? As obras e arte de aleijadinho e os tambores de Minas? O berimbau baiano? Ou as bombachas gaúchas? Diante de um Brasil tão heterogênio fica mesmo identificar quem somos. Mas isso quer dizer apenas que somos plurais. Somos justamente a mistura dessas culturas tão díspares. Nações normalmente se formam coesas quando unidas contra um inimigo comum. Os americanos, talvez a nação mais orgulhosa de sua pátria do mundo (mais que nós, com certeza, com a bandeira americana que tremula no topo de inúmeros edifícios) têm inimigos comuns, como Bin Laden, o que lhes reforça o sentimento de que estão juntos para o que der e vier.

No Brasil a ditadura, então inimigo comum, reuniu pessoas das mais variadas tendências culturais contra os militares. Artistas, poetas, jornalistas, pensadores... todos se uniam contra as agruras sofridas nos anos de chumbo. Isso significa que precisamos estar em meio a um conflito para emergirmos como brasileiros que somos? Para defender nossa pátria? Receio que sim.

Não votei em nosso atual governante, Lula, por acreditar que não há nada mais conservador que um radical no poder. Quando acusam nosso presidente de não ser diferente dos demais, de também ter deixado acusações de corrupção assolarem seu governo tal e qual aconteceu com outros, não me surpreendo. Era previsível. Me surpreende sim, de maneira mais que positiva, que nosso presidente esteja disposto a desafiar o mundo com sua defesa ao etanol brasileiro. Taí uma luta que todos nós precisamos encampar. Como podem os países desenvolvidos, que devastaram suas florestas há tempos em prol do desenvolvimento, nos acusar agora de promover o mesmo tipo de "crime"? Ora, então não seria direito nosso produzir combustível limpo para ajudar a diminuir a dependência mundial do petróleo? Então o presidente americano prefere promover uma guerra insana nos centros de produção dos barris do óleo negro ao invés de investir no gigantesco potencial de nosso combustível "limpo" e "verde". Precisamos nos unir, cidadãos!

Não permitam que nos acusem de deixar de plantar alimentos. Os estrangeiros percebem a força do país. Querem nos condenar a ser sempre países "subdesenvolvidos" que só produzem alimentos de baixos custos ao invés de agregarmos valos com a produção de um produto indispensável como o combustível alternativo. Por essa luta, meus caros, que Lula tem encampado de peito aberto e para isso recebe meu apoio, vale a pena nos unirmos. É de interesse de todos que divisas internacionais venham a nós para investimento em produção e melhoria da produtividade da cana de açúcar. Quanto mais formos capazes de produzir com menos cana, menor a área de plantio para sustentar o projeto do álcool brasileiro e, por isso, menor o risco de termos pastagens e áreas de cultivo de alimentos sendo usadas para a produção de combustível, o tão falado temor dos estrangeiros.

A quem não interessa investir em um projeto como esse? Só a quem não é brasileiro!

Publicado na comunidade "Filosofia para não filósofos" no tópico "Você é patriota?": Filosofia Para Não-Filósofos²

2 comentários:

glamour girl disse...

Não podemos esquecer que além do etanol também temos biodiesel e todas essas novas jazidas de petróleo recém descobertas. Nosso solo é fértil, e a super safra de soja tá aí pra provar. Temos energia limpa das hidrelétricas, embora eu ache que seria interessante investir em outras fontes, como a energia eólica e a própria energia das marés.
Ou seja, se nossos governantes deixarem de lado esse subservilismo de país colonizado, se desviarem menos verba pros próprios bolsos e acreditarem mais em todo esse potencial que temos por aqui, com certeza seremos uma mega potência que não dependerá de ninguém para sobreviver.
Quem sabe nossos netos não verão isso né Edu?
bjão,
GG

Eduardo Marcondes disse...

Disse pouco mas disse muito bem. Muito boa sua participação, Glamour Girl, muito bem lembrado! Depois escrevo mais sobre isso. Obrigado pela visita!

Wagner Belmonte diz: